Peço que me mostre a tua glória

VERSO PARA MEMORIZAR:
“O Senhor passou diante de Moisés e proclamou: – O Senhor! O Senhor Deus compassivo e bondoso, tardio em irar-Se e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a maldade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocente o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração!” (Êxodo 34:6,7).

Leituras da semana:
Êxodo 33:7-23; Êxodo 34; Deuteronômio 18:15,18; João 17:3; Romanos 2:4; João 3:16; 2 Coríntios 3:18

Leia Êxodo 33:7-11. Por que Deus pediu que Moisés armasse a tenda do encontro?

Não devemos confundir “a tenda do encontro” (construída fora do acampamento de Israel) com o tabernáculo, que foi construído posteriormente e localizado no centro do acampamento. Não sabemos com que frequência Moisés consultava a Deus na tenda do encontro. No entanto, uma coisa sabemos com certeza: os encontros de Moisés com Deus resultaram em uma amizade íntima entre eles.

“Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Êxodo 33:11)-

Um amigo é alguém com quem podemos conversar, discutir abertamente quase tudo e confiar que ele jamais revelará a outros. Um amigo é uma das coisas mais preciosas que se pode ter — e também uma das mais nobres que se pode ser.

Como está registrado em Êxodo 19–34, a história de Moisés é muito instrutiva sobre como Deus transforma vidas. Como Deus construiu um relacionamento com esse líder extraordinário? Um estudo da vida de Moisés mostra como ele cresceu em seu conhecimento, não apenas do poder de Deus, mas também de Seu amor e caráter. Este é um componente essencial para ter um relacionamento com Deus.

Antes de chegar ao Monte Sinai, Moisés já havia sido poderosamente usado por Deus, mesmo enquanto era preparado para um papel especial de liderança. Na terra de Midiã, enquanto cuidava de ovelhas, Deus o inspirou a escrever dois livros: Jó e Gênesis. Em seguida, no evento dramático da sarça ardente, ele foi chamado por Deus para conduzir Israel para fora do Egito.

Ele presenciou a derrota dos deuses egípcios e do poderoso exército egípcio no Mar Vermelho. Durante muitas semanas, viu como Deus guiou Israel do Egito até o Sinai. Após a experiência que resultou em seu rosto resplandecente, liderou Israel por mais 39 anos, até às portas da Terra Prometida.

A mensagem bíblica declara que Moisés foi um servo fiel de Deus (Deut. 34:5; Josué 1:1), uma luz íntegra em meio à escuridão, um profeta modelo pelo qual outros seriam medidos (Deut. 18:15, 18). Ele foi um agente de mudança, mesmo quando o povo nem sempre seguiu suas orientações e palavras. Quando seguiam, prosperavam.

Leia Êxodo 33:12-17. O que Moisés pediu que o Senhor lhe fizesse saber? Por que ele implorou a presença de Deus para guiá-los?

O crescimento de Moisés no Senhor foi constante. Ele se aproximava cada vez mais de Deus e buscava moldar-se à Sua imagem. Um dia, enquanto conversava com Deus na tenda do encontro, Moisés percebeu que não O conhecia plenamente e fez uma oração específica: “Mostra-me agora o teu caminho, para que eu te conheça” (Êxodo 33:13). Moisés tinha consciência de sua profunda necessidade de compreender Deus em um novo nível. Ele descobriu que quanto mais conhecia o Senhor, mais percebia que ainda não O conhecia. Reconheceu sua necessidade e desejou de todo o coração conhecê-Lo melhor. Deus atendeu voluntariamente ao pedido de Moisés.

Observando as experiências de Moisés até aqui, podemos ver como ele foi atraído para um relacionamento mais profundo e íntimo com o Senhor e como cresceu espiritualmente.

Primeiro, Moisés subiu ao monte e “subiu a Deus” (Êxodo 19:3). Depois, foi “ao cume do monte” (Êxodo 19:20) e, em seguida, aproximou-se da nuvem, “a espessa escuridão onde Deus estava” (Êxodo 20:21).

Em outra ocasião, “Moisés entrou na nuvem”, onde Deus estava, e permaneceu com o Senhor 40 dias e 40 noites (Êxodo 24:18). Durante esses 40 dias, Deus deu a Moisés dois presentes preciosos:

(1) o dom do Decálogo, escrito pelo próprio Deus em duas tábuas, também lavradas por Ele (Êxodo 24:12), e

(2) as instruções sobre como construir e mobiliar o tabernáculo (Êxodo 25–31).

Depois, ele passou outros 40 dias e 40 noites com o Senhor, intercedendo pelos pecadores (Êxodo 32:30–32; Deuteronômio 9:18).

Ainda assim, depois de tudo isso, Moisés desejava conhecer o caráter de Deus de maneira mais concreta, e Deus logo lhe deu percepções especiais para entender quem Ele é. Esse conhecimento que Moisés almejava não era apenas intelectual, mas um conhecimento experimental da pessoa divina.

Não é de admirar que, séculos depois, Jesus tenha dito:

“E a vida eterna é esta: que conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

Que maneira melhor Deus poderia escolher para Se revelar à humanidade do que tornando-Se Ele mesmo um ser humano?

Você conhece a Deus ou apenas tem informações sobre Ele? Qual é a diferença crucial entre essas duas coisas?

Após a apostasia do bezerro de ouro, Moisés intercedeu pelo povo de Deus e queria ter a certeza de que o Senhor continuaria a guiá-los até a Terra Prometida. No íntimo do seu ser, ele também desejava conhecer melhor o Senhor.

Como Deus respondeu ao pedido para que mostrasse Sua glória? Êx 33:18-23

“Por favor, mostra-me a tua glória”, pediu Moisés ao Senhor. Em Sua misericórdia, o Senhor revelou-lhe a Sua glória. No entanto, ao responder ao pedido de Moisés, Deus prometeu mostrar-lhe a Sua “bondade”. Pode-se concluir com segurança que a glória de Deus é a Sua bondade, isto é, o Seu caráter (veja também (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 367; Parábolas de Jesus, p. 244, 245; Profetas e Reis, p. 184).).

“É a glória de Deus conceder a Sua virtude aos Seus filhos. Ele deseja ver homens e mulheres alcançando o mais alto padrão.” — Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 338).. Sua glória é acolher pecadores arrependidos (veja Profetas e Reis [CPB, 2021], p. 390) e suprir tudo o que é necessário para transformá-los. Ao mesmo tempo, é nossa “glória” revelar o Seu caráter em nossas próprias vidas e torná-Lo conhecido aos outros.

Esse reflexo do caráter de Deus, Sua bondade, misericórdia e amor terno, deve ser visto em nossas ações. Dessa forma, temos a oportunidade de ser não apenas uma bênção para o mundo, mas também uma luz brilhante para o universo que observa. Como Paulo afirma: “Porque, parece-me, Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte; pois nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos como a homens” (1 Coríntios 4:9). Essa dimensão cósmica dá à nossa vida e ao nosso serviço um significado e propósito que mal conseguimos imaginar.

Em Romanos 2:4, Paulo diz que “a bondade de Deus te leva ao arrependimento”. Ou seja, é a bondade e o caráter de Deus, apontados pelo Espírito Santo, que convencem as pessoas de sua pecaminosidade e necessidade de salvação. De fato, quando olhamos para a cruz e entendemos quem estava lá (o próprio Senhor) e por que Ele estava lá — porque nos amava e essa era a única forma de nos salvar — temos a maior revelação possível de Sua bondade e caráter.

Quanto tempo você dedica diariamente a refletir sobre a cruz e sobre o que ela lhe diz a respeito do caráter de Deus?

Leia Êxodo 34:1-28. Como Deus revelou Sua glória a Moisés?

Moisés teve que levar consigo duas tábuas de pedra, como as primeiras, que ele havia quebrado (Êxodo 32:19). Ele estava prestes a se encontrar com o Senhor no Monte Sinai pela sétima vez. As suas subidas anteriores são mencionadas nos seguintes textos: (1) Êxodo 19:3, 7; (2) Êxodo 19:8, 14; (3) Êxodo 19:20, 25; (4) Êxodo 20:21; Êxodo 24:3; (5) Êxodo 24:9, 12–18; Êxodo 32:15; (6) Êxodo 32:30, 31. Moisés começou sua subida cedo pela manhã.

Moisés estava agora preparado para essa gloriosa revelação do caráter de Deus. A beleza do caráter de Deus é melhor explicada nesta impressionante auto-revelação. É a descrição mais importante de quem Deus é; é o fio dourado tecido em toda a Bíblia (Números 14:18; Neemias 9:17; Salmo 103:8; Joel 2:13; Jonas 4:2). A proclamação do Senhor aqui é o “João 3:16” do Antigo Testamento. Em lugares cruciais, autores bíblicos aplicam, repetem ou ampliam essa auto-proclamação do Deus vivo porque o caráter de Deus precisa ser corretamente compreendido.

Quando Moisés recebeu essa explicação excepcional, sem precedentes e incomparável do nome de Deus, ele se prostrou e adorou o Senhor. Quando temos vislumbres do amor, graça, misericórdia, compaixão, bondade, fidelidade, perdão, santidade e justiça de Deus, também somos atraídos a Ele. É quando vemos e admiramos Suas qualidades excepcionais que começamos a amá-Lo, um amor que nos leva ao desejo de servi-Lo e obedecê-Lo. Porque Ele nos ama, nós O amamos de volta (1 João 4:19).

Nesta auto-revelação, Deus assegura a Moisés que realizará feitos maravilhosos para Seu povo e os conduzirá à Terra Prometida. Ele renova a aliança com eles, prometendo que outras nações verão Sua majestade e Sua obra grandiosa. “Eis que faço uma aliança. Diante de todo o teu povo farei maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem entre nações alguma; e todo este povo em cujo meio tu estás verá a obra do Senhor, porque coisa terrível é o que faço contigo” (Êxodo 34:10).

No entanto, os israelitas precisavam obedecer a Deus e seguir dez estipulações claras para garantir sua prosperidade. Então Moisés foi instruído por Deus a escrever o conteúdo dessa aliança, que já havia sido quebrada (Êxodo 34:27, 28).

Leia Êxodo 34:29-35. Por que o rosto de Moisés resplandeceu?

Depois que Deus revelou Seu caráter de amor a Moisés, ele desceu ao acampamento de Israel com o rosto radiante. Moisés sabia, a princípio, que seu rosto estava radiante? De modo nenhum. Quanto mais perto alguém está do Senhor, mais consciente se torna de suas imperfeições em comparação com a santidade de Deus.

Qual foi a causa da transformação de Moisés que resultou em seu rosto se tornar radiante? A razão não estava simplesmente no fato de ele ter estado na presença de Deus, porque várias vezes anteriormente ele havia estado com o Senhor e seu rosto não ficou radiante após esses encontros. No entanto, se ele nunca tivesse estado na presença do Senhor, seu rosto nunca teria brilhado. Foi somente quando ele compreendeu a bondade e a misericórdia de Deus, e se abriu completamente a Ele por causa da beleza do Seu caráter, que Moisés foi transformado, e seu rosto brilhou. Nossos corações e mentes podem experimentar uma mudança quando nos rendemos a Deus e permitimos que Ele seja o Senhor e Rei de nossas vidas.

Leia 2Coríntios 3:18. Como Jesus pode transformar gradualmente você à Sua imagem?

Paulo compara o rosto resplandecente de Moisés com Jesus Cristo e afirma que a glória de Jesus (em quem a lei e a graça de Deus foram personificadas) supera a glória da lei com Moisés. Cristo, juntamente com Sua lei, pode ser gravado em nosso caráter somente quando fixamos os nossos olhos em Jesus (Hebreus 3:1; Hebreus 12:2) e somente pelo poder do Espírito de Deus (2 Coríntios 3:12–18).

Moisés é um modelo para nós, demonstrando o que Deus pode fazer por nós quando permitimos que Ele transforme nosso caráter e nos molde à Sua imagem divina. É isso que Paulo quer dizer quando fala sobre andar em “novidade de vida” (Romanos 6:4).

Quais áreas de seu caráter precisam refletir melhor o caráter de Deus? Provavelmente todas, não é mesmo? Como manter os olhos na cruz e no que ela significa pode nos dar encorajamento e certeza da salvação?

Leia atentamente, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 275-278 (“O bezerro de ouro”).

Em um dia nublado, um pai e seu filho visitaram uma catedral. Enquanto observavam os vitrais com belas representações de diferentes cenários bíblicos, o sol de repente começou a brilhar através da imagem de pessoas no vidro, iluminando-as intensamente com uma luz impressionante. O pequeno garoto perguntou ao pai:

“Papai, quem são essas pessoas?”

O pai não sabia muito sobre cristianismo, Cristo ou Seus discípulos, mas rapidamente respondeu:

“Essas pessoas são cristãos.”

Essa imagem deslumbrante permaneceu na mente do menino. Um dia, a professora perguntou na sala de aula:

“Crianças, vocês sabem quem são os cristãos?”

O menino lembrou-se da imagem brilhante na catedral e respondeu:

“Eu sei; cristãos são pessoas que brilham.”

Da mesma forma, Jesus disse a Seus seguidores:

“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mateus 5:16).

Somente pessoas que brilham podem ser agentes de mudança.

Questões para discussão:

Se nos humilhássemos perante Deus e fôssemos bondosos e corteses, compassivos e piedosos, haveria uma centena de conversões à verdade onde agora há apenas uma” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 9, p. 147). Como nosso caráter, nossas ações e nossas atitudes influenciam nosso testemunho?

Êxodo 34:6,7 é corretamente chamado de o João 3:16 do AT. Por quê?

Com base na revelação que o Senhor fez de Si mesmo em Êxodo 34:6,7, como você explicaria a beleza do caráter divino a alguém que lhe perguntasse quem é o seu Deus?

Em classe, pergunte como o caráter e as ações daqueles que professam seguir a Cristo influenciam a própria caminhada deles. Qual tem sido a influência dos cristãos que demonstram bondade, graça, humildade e perdão em sua experiência pessoal? Ao mesmo tempo, como os “cristãos” rudes, implacáveis e arrogantes influenciaram sua caminhada com o Senhor?

Por Andrew McChesney

Baatka sentia-se muito sozinho na Mongólia. Ele costumava ficar na janela de sua casa, olhando para fora, esperando por um amigo de verdade que ficasse com ele para sempre. O tímido e reservado garoto de 14 anos era filho único. Seu pai estava sempre no trabalho. Sua mãe tinha problemas de saúde mental e passava um mês no hospital todos os anos. Baatka sentia-se completamente sozinho. Ele chegou a pensar na morte.

Então, uma prima chamada Doogii o convidou para ir a uma igreja Adventista do Sétimo Dia na capital da Mongólia, Ulaanbaatar.

“Venha à igreja”, disse ela. “Algo interessante vai acontecer lá.”

Baatka foi porque se sentia solitário. Ele não ouviu uma palavra do sermão. O microfone não estava funcionando por causa de problemas elétricos, e ele tinha uma deficiência auditiva que dificultava ouvir o pregador. Mas ele gostou dos membros da igreja. Eles sorriam e o aceitavam. Tratavam-no como um amigo. Ele também gostou dos cânticos. A igreja lhe deu arrepios, e ele voltou no próximo Sábado para sentir isso novamente.

Os membros da igreja falavam sobre Deus como seu melhor amigo.

“Deus pode ser seu amigo para sempre”, disse um deles ao menino.

“Você nunca estará sozinho”, disse outro.

Baatka se perguntou se Deus era real. Eu não posso vê-Lo. Ele pode ser meu amigo? — pensou ele.

Depois disso, ele começou a frequentar a igreja todos os sábados. A igreja se tornou o único lugar positivo em sua vida, e os membros da igreja se tornaram sua família. A vida ganhou sentido, e Baatka encontrou um motivo para viver.

Pouco a pouco, Baatka começou a acreditar que Deus era real. Seus ouvidos não ouviam Deus falar, mas seu coração ouvia a voz de Deus. Deus se tornou seu melhor amigo para sempre, transformando sua mente e mudando sua vida.

Hoje, Baatka Orgil tem 31 anos e é uma nova pessoa em Deus. O menino antes tímido e quieto agora é um pioneiro da Missão Global, plantando igrejas em áreas não alcançadas da Mongólia.

“Eu amo compartilhar como minha vida mudou”, disse ele. “Quero ajudar pessoas como eu. É por isso que estou servindo como missionário.”

Baatka, que é casado e tem dois filhos, disse que antes pensava que Deus escolhia apenas pessoas talentosas para serem missionárias.

“Mas agora eu entendo que Ele escolhe apenas as pessoas certas.”

“Mesmo quando eu não acreditava em mim, Deus acreditava em mim”, disse ele.

“Se Deus pôde acreditar em mim, eu também quero acreditar n’Ele.”