Encontro com Jesus

VERSO PARA MEMORIZAR:


Leituras da semana:
Êxodo 3; Êxodo 4

Como você encontrou Deus? Alguns convertidos podem descrever um momento em que suas vidas mudaram radicalmente devido a um encontro com Deus — uma ocasião em que Ele chamou sua atenção. Já aqueles que nasceram em um lar cristão e sempre frequentaram a igreja podem pensar que sempre conheceram a Deus. Neste capítulo Êxodo 3, vemos Moisés tendo um encontro inesperado com Deus que mudou tudo.

Moisés nasceu entre o povo de Deus, da tribo de Levi. Sua mãe lhe ensinara sobre o Senhor antes mesmo que ele pudesse entender. Depois, ainda criança, foi levado ao palácio e teve apenas suas primeiras memórias como referência. Após sua tentativa de defender os israelitas da opressão egípcia e sua fuga para o deserto distante, encontramos Moisés pastoreando ovelhas para seu sogro. Todos os seus sonhos de fazer algo grandioso pelo povo de Deus haviam se desvanecido no passado distante. Ele já não estudava guerra, geopolítica ou os deuses egípcios. Sua única preocupação era encontrar alimento e água para as ovelhas. Somente após 40 anos cuidando de rebanhos Deus finalmente apareceu, pronto para Se revelar pessoalmente.

Na narrativa, Deus veio a Moisés como "o Anjo do Senhor" (Êxodo 3:2). Esse Anjo já aparecera várias vezes em Gênesis, tanto a Agar (Gênesis 16:7-11) quanto a Abraão (Gênesis 22:11-15). Mais tarde, Ele também acompanharia os israelitas no deserto (Êxodo 14:19). A identidade desse Anjo do Senhor a princípio não é clara: seria o próprio Deus ou um mensageiro Dele?

O texto esclarece quando, em Êxodo 3:4, é Deus quem fala com Moisés. Devido à santidade Daquele que falava, Moisés precisou tirar as sandálias (Êxodo 3:5). Tudo mudou naquele breve instante, quando Deus declarou que Moisés lideraria Israel para fora da escravidão. Da vida tranquila de pastor, ele seria lançado à liderança de uma nova nação.

Deus chamou Moisés da sarça ardente, dizendo-lhe que não se aproximasse mais (Êxodo 3:5). Sabendo que a mente de Moisés devia estar turbada de confusão, Deus rapidamente Se identificou: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó" (v. 6). Em seguida, declarou o motivo de Sua aparição: "Desci para livrar" (v. 8). Esta libertação vinha sendo preparada há séculos (Gênesis 15:13, 14).

Deus descreveu os hebreus como "Meu povo" (Êxodo 3:7, 10). Se você estiver lendo casualmente, pode simplesmente passar por cima dessas palavras. No entanto, elas estabelecem o cenário para o restante do livro. Os israelitas são o povo de Deus. Você pode dizer: "Claro que são. Eles são descendentes de Abraão." Porém, se eram o povo de Deus, por que estavam em tal situação? Por que estavam em escravidão? Por que seus bebês estavam sendo mortos? Por que isso continuava há décadas, ou talvez séculos?

Não podemos responder a todas essas perguntas; quando Deus Se envolve nos assuntos humanos, às vezes acaba parecendo que Ele não Se importa. Mas Ele Se importa, mesmo quando não parece, de nossa limitada perspectiva humana. Deus ainda Se importa, mesmo quando não age com a rapidez que achamos que deveria ou gostaríamos que agisse.

Desde o início, Deus deixou claro que seria Ele quem trabalharia para libertar Israel (Êxodo 3:8). Onde Moisés falhou ao ferir o egípcio, Deus teria sucesso ao ferir o Egito (v. 20). No entanto, quando Moisés ouviu que deveria ir falar com Faraó sobre o Êxodo iminente, protestou (v. 11). Esta foi a primeira de cinco tentativas de Moisés de recusar o comando de Deus.

Em sua primeira tentativa de convencer Deus de que não era a pessoa certa para o trabalho, Moisés pareceu preocupado por não ser importante o suficiente para convencer Faraó a cumprir a ordem de Deus. Por causa da preocupação de Moisés, Deus procurou tranquilizá-lo oferecendo-lhe um sinal. Este primeiro sinal não seria imediato. Deus prometeu que quando Moisés trouxesse os israelitas para fora do Egito, eles adorariam a Deus no próprio monte onde Ele e Moisés estavam falando. Este sinal exigiria que Moisés esperasse bastante tempo. Em outras palavras, não era tanto um sinal quanto uma promessa. Como era de se esperar, Moisés não ficou convencido. Ele buscou esclarecimentos sobre a identidade de Deus, dizendo que os israelitas também gostariam de saber (Êxodo 3:13). Aqui, encontramos um dos versículos mais significativos da Bíblia. Deus revelou Seu nome: "EU SOU O QUE SOU" (v. 14).

Moisés tentou discutir com Deus, sem muito sucesso. Moisés estava cético: "Eis que não crerão em mim, nem ouvirão a minha voz" (Êxodo 4:1). A preocupação parecia válida. Afinal, por que os líderes israelitas acreditariam em tal afirmação, especialmente vinda de alguém que os havia abandonado?

A resposta de Deus foi equipar Moisés com milagres para convencer os líderes israelitas de que Deus realmente Se lembrava deles. Primeiro, Moisés lançou seu cajado de pastor ao chão e viu-o se transformar em serpente. Depois, colocou a mão no peito e, ao retirá-la, estava coberta de lepra. Esses eventos eram impressionantes, mas não necessariamente convincentes para os egípcios. Deus reconheceu a Moisés que o povo ainda poderia não ouvi-lo: "E acontecerá que, se eles não crerem a estes dois sinais, nem ouvirem a tua voz, tomarás das águas do rio e as derramarás na terra seca; e as águas que tomarás do rio se tornarão em sangue sobre a terra seca" (v. 9).

Moisés estava ficando sem opções para escapar dessa missão. Ele voltou o foco para si mesmo. "Deus", parecia dizer, "Você escolheu o homem errado. Você quer um líder, e todos sabem que líderes precisam ser bons oradores." Moisés estava certo de que essa desculpa funcionaria. A resposta de Deus mostra que Ele estava ciente do impedimento de Moisés e mesmo assim o havia escolhido: "Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou Eu, o Senhor?" (v. 11).

A história de Moisés nos lembra que deficiências e limitações físicas não impedem Deus de usar pessoas em Sua obra.

Finalmente, em um último esforço para evitar o envolvimento, Moisés simplesmente implorou a Deus que encontrasse outra pessoa - qualquer outra pessoa: "Ah, meu Senhor! Envia, peço-te, por mão daquele a quem tu hás de enviar" (v. 13).

E Deus respondeu: ‘’E quanto a seu irmão Arão, o levita? […] Veja, ele está vindo ao seu encontro […] Ele será seu porta-voz, e você será como Deus para ele’’ (v. 14-16).

Diante disso, Moisés cedeu. Não ofereceu mais desculpas. Simplesmente voltou para casa e pediu permissão ao seu sogro para retornar ao Egito. No final, Deus estava certo. Moisés realizou os sinais conforme Deus ordenou, e "o povo creu; e quando ouviram que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e que tinha visto a sua aflição, inclinaram-se e adoraram" (v. 31). A quem eles adoraram? O Deus cujo nome é "EU SOU", o Criador autoexistente que é a fonte da própria vida.

A história do chamado de Moisés confirma as palavras do grande evangelista Billy Graham: ‘’Fique pronto! O de repente de Deus acontece em dias comuns’’

Era só mais um dia na vida de um idoso que pastoreava ovelhas. Parecia tudo igual nos últimos 40 anos, quando Deus Se manifestou.

É interessante como o Senhor não apareceu a Moisés aos 40 anos, quando ele era, fisicamente, mais vigoroso, e quando ele tinha aparatos para confiar em si mesmo como libertador do povo hebreu.

Já acostumado com sua rotina modesta não imaginaria ver Deus. Muito menos ser convocado por Ele para enfrentar o homem mais poderoso da terra naquela época.

O plano de Deus não havia mudado, mas Moisés precisava estar pronto para realiza-lo, ainda que isso levasse décadas para acontecer.

Como os seguintes versículos nos ajudam a entender melhor o encontro de Moisés com Deus?

• Encontros semelhantes com Deus: Isaías 6:1-10; Atos 9:1-19

• A divindade de Cristo (veja a lição de quinta-feira): João 8:58; Isaías 9:6; Mateus 1:23; João 20:28; 1Timóteo 3:16

Ao ler as histórias de sinais e milagres que Deus operou através de Moisés, podemos nos perguntar quão valiosos foram esses eventos sobrenaturais. Jesus realizou muitos milagres para encorajar a fé em Seus seguidores, mas frequentemente parece que as pessoas, embora felizes por serem curadas, seguiram rapidamente com suas vidas. Seriam os milagres a melhor maneira de levar as pessoas à fé? A resposta parece ser não. Mesmo assim, Jesus realizava milagres quase constantemente.

Muitas vezes, Jesus simplesmente agia, sem esperar para ver se as pessoas tinham ‘’fé suficiente’’. Mas Jesus não exibia Suas habilidades sobrenaturais apenas para ganhar seguidores. Jesus estava mostrando quem Ele é e, mais importante ainda, quem Seu Pai é.

Com essa perspectiva, a declaração "EU SOU" de Jesus em João 8:58 é talvez a afirmação mais direta que Ele fez sobre Sua identidade. Citando Êxodo 3:14, Jesus Se identificou como o Deus do Antigo Testamento. Todos os ensinamentos de Jesus dependiam dessa identidade. Tudo o que Jesus realizaria durante os dias finais de Seu ministério estaria fundamentado em quem Ele é.

Todos pareciam entender que a questão da identidade de Cristo era crucial. Os escribas questionaram a identidade de Jesus e Sua pretensão de perdoar pecados (Mateus 9:4). João Batista queria ter certeza de quem Jesus era (Mateus 11:2,3). Os judeus exigiam um sinal de Jesus para provar Sua identidade (João 12:38). De certo modo, todos os milagres de Jesus serviam para validar Suas afirmações e Sua identidade.

Quando Jesus perguntou aos discípulos quem as pessoas diziam que Ele era, a lista foi longa: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias ou algum dos profetas" (Mateus16:14). Então Jesus os pressionou a declarar quem eles criam que Ele era. Pedro confessou: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mateus16:16). O futuro da igreja seria construído sobre esse entendimento de que Jesus foi enviado do céu.

"O comando divino dado a Moisés encontrou-o desconfiado de si mesmo, tardio no falar e tímido. Ele estava sobrecarregado com um senso de sua incapacidade de ser porta-voz de Deus para Israel. Mas tendo uma vez aceito a obra, ele a iniciou com todo o coração, colocando toda sua confiança no Senhor. A grandeza de sua missão colocou em exercício os melhores poderes de sua mente. Deus abençoou sua pronta obediência, e ele se tornou eloquente, esperançoso, autocontrolado e bem capacitado para a maior obra já confiada a um homem. Este é um exemplo do que Deus faz para fortalecer o caráter daqueles que Nele confiam plenamente e se entregam sem reservas a Seus mandamentos.

"Um homem ganhará poder e eficiência ao aceitar as responsabilidades que Deus coloca sobre ele, e com toda a alma busca se qualificar para cumpri-las corretamente. Por mais humilde que seja sua posição ou limitada sua habilidade, esse homem alcançará a verdadeira grandeza que, confiando na força divina, busca realizar seu trabalho com fidelidade. Se Moisés tivesse confiado em sua própria força e sabedoria, e avidamente aceitado a grande responsabilidade, teria demonstrado sua completa inaptidão para tal obra. O fato de um homem sentir sua fraqueza é, ao menos, alguma evidência de que ele compreende a magnitude da obra a ele designada, e que fará de Deus seu conselheiro e sua força" (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], P. 212).

"Por Sua humanidade, Cristo tocou a humanidade; por Sua divindade, Ele Se agarra ao trono de Deus. Como Filho do homem, Ele nos deu um exemplo de obediência; como Filho de Deus, Ele nos dá poder para obedecer. Foi Cristo quem, da sarça no monte Horebe, falou a Moisés dizendo: 'EU SOU O QUE SOU... Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.' Êxodo 3:14. Esta foi a promessa da libertação de Israel.

Assim, quando Ele veio 'em semelhança de homens', declarou-Se o EU SOU. A Criança de Belém, o manso e humilde Salvador, é Deus 'manifestado em carne.' 1 Timóteo 3:16. E a nós Ele diz: 'EU SOU o Bom Pastor.' 'EU SOU o Pão da Vida.' 'EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida.' 'É-Me dado todo o poder no céu e na terra.' João 10:11; 6:51; 14:6; Mateus 28:18. EU SOU a garantia de toda promessa. EU SOU; não temas. 'Deus conosco' é a certeza de nossa libertação do pecado, a garantia de nosso poder para obedecer à lei do céu." (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, [CPB, 2021], P. 13).