Mansidão no crisol

Sábado, 27 de Agosto

VERSO PARA MEMORIZAR: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra” (Mt 5:5).
LEITURAS DA SEMANA: Ez 24:15-27; Êx 32:1-14; Mt 5:43-48; 1Pe 2:18-25; Sl 62:1-8
A palavra manso não é muito ouvida, exceto talvez ao lermos sobre Moisés ou estudarmos as bem-aventuranças, e não é difícil descobrir o porquê. Mansidão é definida como “a capacidade de suportar danos com paciência e sem ressentimento”. Não é à toa que não se ouve muito sobre isso, visto que é uma característica não muito respeitada na cultura atual. Às vezes, a Bíblia traduz essa palavra como “humildade”, traço de caráter que também não é visto como desejável pela maioria das culturas.

No entanto, mansidão é uma das características mais poderosas de Jesus e Seus seguidores. Ela não é um fim em si mesma: a mansidão de espírito pode ser uma arma poderosa nas mãos daqueles que estão em meio à dor e ao sofrimento. Na verdade, o crisol é um ótimo lugar para se aprender a mansidão de coração, pois com ela podemos ser testemunhas poderosas de Deus.

Resumo da semana: Qual é a relação entre sofrimento e mansidão? Em meio às dificuldades, como podemos ser testemunhas aos outros sobre a mansidão? Como a mansidão pode realmente ser uma força, não uma fraqueza, para o cristão?

Domingo, 28 de agosto

1. Oswald Chambers disse que devemos nos tornar “pão quebrado e vinho derramado” para os outros. O que você acha que ele quis dizer com essas palavras?

Em toda a Bíblia, há exemplos de pessoas que foram “quebradas” para servir aos outros. Moisés foi chamado para suportar ondas intermináveis de fofocas e críticas enquanto conduzia o povo à terra prometida. José foi chamado para uma jornada que envolveu traição e prisão quando foi levado a uma posição de serviço no Egito. Em cada caso, Deus permitiu as situações para que a vida de Seu povo pudesse se tornar palco da manifestação da graça e cuidado divinos, não apenas para si mesmo, mas para o bem de outros. Deus pode nos usar da mesma forma. É fácil sentir raiva ou mágoa em tais situações, mas, como observamos ontem, mansidão é a capacidade concedida por Deus para suportar essas coisas “com paciência e sem ressentimento”.

2. Leia Ezequiel 24:15-27. O que aconteceu nesse relato? Por que Ezequiel foi colocado no crisol?

Em Ezequiel 24:24, Deus diz: “Assim, Ezequiel será um sinal para vocês: tudo o que ele fez vocês também farão. Quando isso acontecer, vocês saberão que Eu sou o Senhor Deus”. Por meio do exemplo de Ezequiel, o povo de Israel seria convencido da verdade sobre quem era Deus, o Soberano Senhor, e veria essa verdade no cumprimento da profecia simbolizada na vida de Ezequiel e no sofrimento que ele enfrentou. Quem sabe quantas pessoas verão “o Senhor Deus” através de nós em nossos sofrimentos também?

Segunda-feira, 29 de agosto

3. Leia Êxodo 32:1-14. Que papel Moisés desempenhou nessa passagem?

Depois que os israelitas começaram a adorar o bezerro de ouro, Deus julgou que eles haviam ido longe demais e anunciou que destruiria o povo e faria de Moisés uma grande nação. Mas, em vez de aceitar a oferta divina, Moisés implorou ao Senhor para que mostrasse graça ao povo, e Deus cedeu.

Êxodo 32:1-14 levanta duas questões importantes. Em primeiro lugar, a oferta divina de destruir o povo rebelde e abençoar Moisés foi um teste para o profeta. Deus queria que ele demonstrasse quanta compaixão tinha por esse povo tão desobediente. Moisés passou no teste. Como Jesus, ele implorou misericórdia para os pecadores. Isso revela algo muito interessante: às vezes, Deus também pode permitir que enfrentemos oposição; Ele pode permitir que passemos por um crisol para que Ele, as pessoas e o universo observador vejam quanta compaixão temos pelos rebeldes.

4. Que razões Moisés deu para pedir ao Senhor que não destruísse Israel?

Em segundo lugar, essa passagem mostra que oposição e desobediência são oportunidades para revelar a graça. A graça é necessária quando as pessoas menos a merecem. Mas, quando elas menos merecem, temos menos vontade de oferecê-la. Quando a irmã de Moisés, Miriã, o criticou, ele clamou ao Senhor para curá-la da lepra (Nm 12). Quando Deus ficou irado com Coré e seus seguidores e ameaçou destruí-los, Moisés prostrou-se com o rosto em terra para implorar pela vida deles. No dia seguinte, quando Israel resmungou contra Moisés pela morte dos rebeldes e Deus ameaçou destruí-los, Moisés caiu sobre seu rosto e pediu a Arão rapidamente que fizesse expiação por todos eles (Nm 16). Com mansidão e abnegação em meio ao crisol, Moisés buscou a graça em nome daqueles que certamente não a mereciam.

Terça-feira, 30 de agosto

Alguém disse: “Amar nossos inimigos, então, não significa que devamos amar a lama em que a pérola está enterrada; significa que amamos a pérola que jaz na lama. [...] Deus não nos ama porque somos amáveis por natureza. Mas nos tornamos amáveis porque Ele nos ama.”

5. Quando você olha para seus “inimigos”, o que normalmente vê nessas pessoas – a pérola ou a sujeira ao redor?

6. Leia Mateus 5:43-48. Jesus nos chamou a amar nossos inimigos e orar por eles. Que exemplo da natureza Ele nos deu que nos ajuda a entender porque devemos fazer isso? O que Ele deseja nos ensinar?

Em Mateus 5:45, Jesus usou o exemplo de Seu Pai no Céu para ilustrar como devemos tratar quem nos fere, quem talvez nos coloque no pior tipo de crisol. Jesus disse que Seu Pai envia a bênção da chuva tanto para os justos quanto para os injustos; se Deus dá a chuva até aos injustos, então como devemos tratá-los?

Jesus não quis dizer que devamos sempre ter um sentimento caloroso por todos os que nos causam problemas, embora isso também seja possível. Basicamente, o amor pelos nossos inimigos não significa um sentimento, mas ações específicas em relação a eles que revelem cuidado e consideração.

Jesus concluiu essa passagem com um verso que muitas vezes causa debate: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no Céu” (Mt 5:48). Mas o significado é muito claro no contexto: quem deseja ser perfeito como Deus deve mostrar amor aos seus inimigos como Deus mostra amor aos Dele. Fazer isso requer uma mansidão de coração que só o Senhor pode dar.

Quarta-feira, 31 de agosto

Os exemplos mais poderosos de mansidão no crisol vêm de Jesus. Quando Ele disse “aprendam de Mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11:29), quis dizer isso de maneiras que provavelmente não possamos imaginar.

7. Leia 1 Pedro 2:18-25. Que princípios de mansidão e humildade no crisol podemos aprender com o exemplo de Jesus Cristo, conforme expresso pelo apóstolo Pedro?

É terrível ver alguém tratar outra pessoa injustamente, e é doloroso demais quando somos tratados assim. Visto que em geral temos um forte senso de justiça, quando uma injustiça acontece, nossos instintos são de “consertar as coisas” enquanto carregamos o que cremos ser uma ira justa e correta.

Não é fácil viver assim. Talvez seja impossível, a menos que aceitemos uma verdade fundamental – a de que, em todas as situações injustas, devemos acreditar que nosso Pai celestial está no controle e que Ele agirá em nosso favor segundo Sua vontade. Isso também significa que devemos estar abertos à possibilidade de que, como Jesus, nem sempre seremos salvos da injustiça.

O conselho de Pedro, dado com base no exemplo de Jesus, é surpreendente porque parece que o silêncio em face do sofrimento injusto é um testemunho maior da glória de Deus do que “corrigir as pessoas”. Quando questionado por Caifás e Pilatos, Jesus poderia ter dito muitas coisas para corrigir a situação e Se justificar, mas não o fez. Seu silêncio foi um testemunho de Sua mansidão.

Quinta-feira, 01 de setembro

Em geral, as pessoas mais orgulhosas, arrogantes e agressivas são aquelas que sofrem de baixa autoestima. Sua arrogância, orgulho e total falta de mansidão ou humildade existem como um disfarce, talvez até inconsciente, para algo que lhes falta por dentro. O que precisam é o mesmo de que todos nós precisamos: senso de segurança, de dignidade, de aceitação, especialmente em tempos de angústia e sofrimento. Podemos encontrar isso somente por meio do Senhor. Em suma, mansidão e humildade, longe de ser atributos de fraqueza, costumam ser a manifestação mais poderosa de uma alma firmemente alicerçada na Rocha.

8. Leia o Salmo 62:1-8. Qual parece ser o pano de fundo desses versos? Que princípios espirituais podemos aprender com o que Davi disse? Como podemos aplicar esses princípios em nossa vida?

“Sem causa, homens se tornarão nossos inimigos. Os motivos do povo de Deus serão mal interpretados, não somente pelo mundo, mas por seus próprios irmãos. Os servos do Senhor serão colocados em situações difí- ceis. Será criada uma tempestade num copo de água para justificar a ati- tude egoísta e a injustiça dos homens [...]. Por meio de falsas acusações, esses homens serão vestidos com as escuras vestes da desonestidade, pois circunstâncias além de seu controle tornaram complicada sua obra. Serão apontados como homens que não merecem confiança. E isso será feito pelos membros da igreja. Os servos de Deus devem armar-se com a justiça de Cristo. Não devem esperar que irão escapar do insulto e da injustiça. Serão chamados exagerados e fanáticos. Mas que não desani- mem. A mão de Deus está na direção de Sua providência, guiando Sua obra para a glória do Seu nome” (Ellen G. White, O Cuidado de Deus, [MM/1995, 15 de outubro] p. 295).

Sexta-feira, 02 de setembro

Textos de Ellen G. White: A Ciência do Bom Viver, p. 453, 454 (“Buscar o verdadeiro conhecimento”); O Desejado de Todas as Nações, p. 231- 244 [298-314] (“Sermão do Monte”); Evangelismo, p. 630 (“O obreiro e suas habilitações”).

“As dificuldades que temos de enfrentar podem ser grandemente diminuídas por aquela mansidão que se esconde em Cristo. Se possuirmos a humildade de nosso Mestre, estaremos acima dos menosprezos, das repul- sas, dos aborrecimentos aos quais estamos diariamente expostos, e estes deixarão de lançar sombra sobre nosso coração. A mais elevada prova de nobreza em um cristão é o domínio próprio. A pessoa que, diante de maus- tratos ou de crueldade, deixa de manter a mente calma e confiante, rouba de Deus o direito de revelar nela Sua perfeição de caráter. A humildade de coração é a força que dá vitória aos seguidores de Cristo, é a garantia de sua ligação com as cortes do alto” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 234 [301]).

Perguntas para consideração

Como a humildade nos permite “superar” as mágoas e aborrecimentos? Qual é a característica mais importante da humildade que nos permite fazer isso?
Em sua cultura, como a humildade e a mansidão são vistas? Que tipo de pressão você enfrenta que contraria o cultivo dessas características?
Existem exemplos de pessoas mansas e humildes hoje? Quem são, como expressam essas características e o que você pode aprender com elas?
Por que tantas vezes igualamos mansidão e humildade com fraqueza?
Davi buscou o Senhor como refúgio. Como podemos, como igreja, ser um refúgio para quem precisa? Como tornar sua igreja um lugar de refúgio para os aflitos?
Respostas e atividades da semana: 1. Que devemos ser um alento aos outros. 2. A esposa de Ezequiel morreu. Ele passou por esse crisol sem se lamentar para servir de exemplo sobre o que ocorreria com o povo. 3. O papel de intercessor. 4. Os egípcios diriam que Deus queria matar o povo, por isso o tirou do Egito. Moisés relembrou a Deus a promessa feita a Abraão, de que faria dele uma grande nação. 5. Comente com a classe. 6. Deus faz chover sobre justos e injustos. Também devemos mostrar graça e misericórdia. 7. Jesus não revidou os insultos, não fez ameaças, mas Se entregou a Deus. 8. A perseguição que Davi sofreu. Devemos aprender a depender de Deus e a confiar Nele. Ele é nossa Rocha e Refúgio.

Informativo mundial da Missão

texto da Carta Missionária da licao10 do livro3