Interrogando a Testemunha
Terça, 5 de NovembroRecusando-se a acreditar no que tinham visto, os judeus chamaram os pais do homem que havia sido curado da cegueira. Embora eles tenham confirmado a identidade do filho, se recusaram a dizer como o milagre aconteceu (João 9:20, 21). Como o filho já era maior de idade, eles preferiram que ele mesmo respondesse a todas as perguntas. Motivados pelo medo, os pais evitaram responder diretamente, tentando se proteger de serem expulsos da sinagoga. Apesar da transformação incrível do filho, o medo dominou a reação deles.
Finalmente, a atenção e as perguntas voltaram para o homem curado (João 9:24–34). A conversa que segue é a mais animada do capítulo. Os fariseus tinham a intenção de coagir ou humilhar o homem, mas ele respondeu com argumentos irrefutáveis. Os líderes religiosos focaram na compreensão tradicional de que o pecado estava ligado a ações específicas neste caso, quebrar o Sábado. Sem uma defesa clara para sua posição, eles recorreram à arrogância e a ameaças.
Em contraste, o homem curado não entrou no debate sobre se Jesus era pecador. Ele simplesmente respondeu com os fatos da cura, um milagre sem precedentes na história. Isso o levou à conclusão simples de que seu Curador devia ser de Deus. Um ato tão impressionante só poderia ter vindo de Deus. Apesar de ter sido um mendigo, ele articulou um argumento claro e convincente. Nesse sentido, o homem agiu mais como um sábio professor do que os próprios líderes religiosos.
Jesus finalmente voltou à história em seu desfecho. Ele mais uma vez tomou a iniciativa, buscando o homem curado e levando-o a fazer uma confissão de fé. Embora ele não tivesse visto Jesus antes, provavelmente reconheceu a mesma voz que o mandou lavar-se na piscina. Sem hesitar, ele declarou sua crença e adorou a Cristo. Ele passou de ver Jesus como seu Curador a reconhecê-lo como seu Messias. Sua visão aumentou de física para espiritual e teológica.
De uma parte, vemos uma confissão clara de fé, e da outra, uma declaração definitiva de julgamento. Ecoando o tema maior do Evangelho, Jesus declarou que veio para o julgamento, um que leva tanto à visão quanto à condenação. Ao rejeitarem Jesus, os fariseus se julgaram a si mesmos, demonstrando sua incapacidade de enxergar.
Esse relato nos lembra da mensagem à igreja de Laodiceia (Apocalipse 3:14–22). Os crentes de lá diziam que eram ricos e que podiam ver, mas na verdade mostravam que eram pobres e cegos. A alegação de ter conhecimento espiritual aumenta nossa responsabilidade. Precisamos confessar nossa cegueira, pedir colírio espiritual e seguir a luz que recebemos. Não devemos viver com os olhos meio abertos, seguindo apenas a luz que nos convém. Que o Senhor nos conceda um espírito de humildade e o desejo de examinar nossos corações para descobrir aquilo que não enxergamos sozinhos.